Joe Dante traz no currículo de diretor pequenos clássicos comoPiranha (1978), Grito de Horror (1981), Gremlins (1984) e Viagem Insólita (1987). Porém, infelizmente não podemos afirmar que cineastas são como vinho. Muito pelo contrário – basta lembrarmos as investidas recentes dos antigos mestres do gênero, Wes Craven (A Sétima Alma, 2010), George Romero (Ilha dos Mortos, 2010), Tobe Hooper (Mortuária, 2005) e Dario Argento (Giallo – Reféns do Medo, 2009). Dante não foge a regra com seu novo O Buraco – em 3D.São inumeráveis os equívocos que levam a nova produção do diretor ao que poderíamos chamar de completo fiasco. O roteiro, pouco original e sem atrativos, escrito por Mark L. Smith, de Temos Vagas(2007), conta a história de uma família que se muda para uma nova casa e encontra no quintal o buraco do título. Este buraco, sabe-se lá por que, esconde criaturas concebidas pelos piores pesadelos de quem o encara. Não apenas o roteiro é recheado de clichês, como os próprios personagens são totalmente rasos. Dane é o típico adolescente inconformado em ter deixado a metrópole e mudado para a cidadezinha do interior. Lucas é o irmão mais novo e engraçadinho; Julie, a bela vizinha, se junta aos irmãos na investigação sobre o misterioso buraco.O elenco, sem carisma, também não ajuda. Dane é vivido pelo novato e “sem graça” Chris Massoglia (Cirque du Freak: Aprendiz de Vampiro, 2009); Halley Bennett, que já conhecemos como a possuída Molly Hartley, deJovens Malditos (2008) vive Julie e o ator mirim Nathan Gable é o irmãozinho que anda pra lá e pra cá com um ursinho de pelúcia. Talvez o espectador mais atento se lembre de Gable: ele é o filho de David Drayton em O Nevoeiro (2007).A trama se desenvolve nos três fantasmas criados pelos medos dos três personagens. Uma marionete diabólica persegue Nathan que morre de medo de palhaços. Uma garota fantasma – com uma influência tardia dos “Chamados” da vida, anda cambaleando pra lá e pra cá, implorando para que não a deixem morrer. Ela é na verdade uma amiga de Julie, que morreu na queda de uma montanha-russa. Já o adolescente Dane tem medo de seu violento pai, que está trancafiado numa prisão estadual.
O frustrante é que as aparições surgem a qualquer momento e em qualquer lugar, seja à noite ou durante o dia. As sequências são tão artificiais e sem suspense que em pouco tempo nem os personagens parecem se espantar com o ataque das entidades. Entendo, que mesmo o filme buscando um público mais “família” e uma censura mais branda – O Buraco foi lançado nos Estados Unidos como PG-13 (inadequado para menores de 13 anos) – o efeito medo deveria ser muito melhor trabalhado, já que seria o medo a matéria do filme. Mas pior do que isto, a partir do momento em que os jovens descobrem que são os seus temores que alimentam as aparições, tornam-se corajosos de uma hora pra outra, sem que disso dependa qualquer esforço. Não há , neste momento de “reviravolta” nenhuma boa vontade em criar algum conflito ou solução melhor acabada. O desfecho também incomoda: a entidade que representa o pai violento e criminoso de Dane sequestra o irmão mais novo. Dane então se vê obrigado a entrar no buraco e enfrentar seu pai, uma criatura gigante. Dentro do buraco o adolescente encontra uma cidade que mais parece o País das Maravilhas de Alice. Prédios, paredes e quadros em ângulos pra lá de expressionistas. É claro, Dane supera todos os seus medos e facilmente derrota seu “pior pesadelo”.Talvez a ideia de O Buraco funcionasse melhor se fosse filmado como um episódio de uma série, no estiloAlém da Imaginação, devido às limitações do roteiro e mesmo do empenho da equipe envolvida. Mas lamentavelmente é um longa de 1 hora e meia e em 3 D. E mesmo o “3 D” proporciona qualquer bom momento, já temos pouquíssimas cenas de ação e nenhuma criativa o suficiente para impressionar. Como curiosidade, é bom lembrar que já existe pelo menos outro filme com o mesmo nome: o suspense O Buraco (The Hole, 2001), com o Desmond Harrington (Pânico na Floresta, 2003) e a Thora Birch (Flashes de uma Psicose, 2010).
TRAILER DO FILME:
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