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sábado, 23 de abril de 2011

Crítica do Filme: Sobrenatural






A dupla idealizadora da franquia Jogos MortaisJames Wan e Leigh Whannell, se reúne na direção e roteiro de um novo filme de terror. Completamente como diriam os cineastas, distinto da série de "torture porn", Sobrenatural (Insidious, 2010) está mais próximo de outra série de sustos, Atividade Paranormal - e conta, não por acaso, com o diretor do filme de assombração, Oren Peli, na produção.Wan, Whannell e Peli empregam aqui muitas das lições aprendidas em seus projetos anteriores. Primeiro - e mais importante -, usam a sugestão para criar uma atmosfera poderosa. Além disso, estabelecem conexões emocionais fortes antes de começarem a devastar a família que está no centro da trama. Por último, aprenderam que sugestão é algo ótimo, mas efetivamente mostrar alguma coisa é recompensador.
O trio também aposta em um bem-vindo humor, especialmente na segunda metade, que faz com queSobrenatural traga à memória as produções oitentistas do gênero, como A Casa do Espanto (House, 1986), A Hora do Espanto (Fright Night, 1985) e os primeiros filmes deSam Raimi. O clássico Poltergeist - O Fenômeno(Poltergeist, 1982) também é homenageado mais de uma vez. A mistura de situações e personagens cômicos (o próprio Leigh Whannell tem um papel) com sustos, imagens aterrorizantes e impecável sonoplastia é certeira.Sobrenatural é também surpreendentemente bem filmado. Há sequências excepcionais, como o plano em que a esposa vivida por Rose Byrne (Presságio) vai tirar o lixo enquanto um espectro dança na sala (e não era ele ali no cantinho da lavanderia, virado para a parede?) Ou a brincadeira com ângulos, com o homem de preto passando na varanda, e a ótima cena em que um demônio grudado no teto é descrito.O filme sai do lugar-comum, busca algo diferente nesse tão desgastado gênero e o faz com efeitos práticos e qualidade cinematográfica (de novo, é nos enquadramentos e sugestões que a primeira metade faz muito bonito e assusta de verdade). As reviravoltas mantêm o interesse e despistam o espectador. É difícil saber o que acontecerá a seguir. O que é mal-assombrado, afinal? A casa, o filho, a família? Todas as anteriores?O flerte com o terror oitentista, porém, desmorona no clímax, quando o personagem de Patrick Wilson (o Coruja de Watchmen) cruza as dimensões em direção ao Além. Entram em cena figurinos ruins, muito (MUITO) gelo seco e sets redecorados de maneira brega ou simplesmente copiada do trabalho de Neil Gaiman e Dave McKean (Sandman e Mr. Punch são referenciados descaradamente na máscara da paranormal e no covil do Homem do Rosto Vermelho). A ideia do que aconteceria no Além, adiantada pela médium Elise (Lin Shaye) era muito mais poderosa do que a realização, digna de mansão mal-assombrada de parque de diversões de praia. Quase toda a tensão obtida na excelente primeira metade do filme se esgota nessa sequência e na sequinte - quando o estroboscópico embate físico entre as forças do mal e a família acontece.O retorno aos anos oitenta é bacana, mas os exageros trash New Wave da época precisam ser empregados com parcimônia. São forças poderosas demais para serem controladas por meros mortais dos realistas anos 2000.

TRAILER DE SOBRENATURAL:

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